terça-feira, 27 de outubro de 2015
#dia2
Hoje foi um dia estranho. A demasiada atenção dada pela psiquiatra, a ligar-me fora de horas, deu-me a sensação de que realmente se importa e assustou-me por outro lado. Eu sei que estes exames que tenho que fazer e que envolvem palavras como cancro e cérebro na mesma frase são por despiste enquanto não sabem o que se passa, mas a ideia aterroriza-me. Sinto-me sozinha. As pessoas que sabem o que estou a passar tendem a desvalorizar para me fazerem sentir melhor mas...por outro lado fico com a sensação de que não têm a noção do impacto que isto está a ter nestes dias. Sempre me achei forte, nada me derrubou de tudo o que já passei, mas perante a possibilidade de não poder ter filhos não arranjo nem formas nem escapes de lidar com isto. Passei a vida a fazer fugas para a frente e agora estou encurralada por não depender de mim controlar o meu corpo. E sei que se a vida me roubar o meu maior sonho, ter filhos e educá-los num processo oposto ao que me deram a mim em criança, a minha vida perde o sentido. Só me apetece chorar quando penso nisto. E devo parecer absurda, mas acho que lidaria melhor com um cancro no cérebro que pudesse tratar do que com a perda do que faz de mim mulher, o poder de gerar uma vida. Espero que Deus não me castigue por estar a dizer isto, mas sinto-me uma falhada como mulher. Tenho medo que me vejas assim também. Hoje apeteceu-me ligar-te para me acalmares, mas sei que estes dias são também muito intensos para ti, tenho que ser altruísta e tentar dar-te serenidade e confiança nesta altura importante na tua carreira. Mas...fazes-me falta aqui. Sinto-me desamparada, apesar de saber que estás aqui para mim se precisar de ti. E eu sei que estás aqui. Obrigada pela compreensão nos últimos dias, tens sido o meu pilar.
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